Como a eletromobilidade tem ganhado espaço

O avanço da energia elétrica na mobilidade urbana para cidades mais sustentáveis

O futuro da mobilidade tem se mostrado cada vez mais elétrico. Mesmo com a pandemia, as vendas de carros elétricos devem crescer no mundo em 2020, chegando a 2,3 milhões de unidades, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). Isso significa que, em todo o planeta, já são quase 10 milhões de unidades rodando — cerca de 1% do estoque global de automóveis. Esse setor também tem avançado no Brasil. 2020 já é um ano recorde de vendas de veículos elétricos e híbridos no país: estima-se que, até o final do ano, estejam circulando 41,4 mil exemplares, segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) – 60% a mais do que em 2019 e três vezes mais do que em 2018. Há três anos, 16% dos brasileiros declaravam a compra de um carro elétrico como “muito provável”. Atualmente, esse percentual passou pra 33%, segundo o Instituto Clima e Sociedade (iCS).

A crescente eletrificação da mobilidade é devido a mudança de comportamento e a procura por alternativas mais sustentáveis. No estudo da iCS, em torno de 92% da população brasileira concordou com a eletrificação do transporte público, além de perceberam que a transição pra energia elétrica é mais sustentável que os combustíveis de origem fóssil. Em São Paulo, por exemplo, já é lei, sancionada em março, que novos edifícios residenciais e comerciais devem ter soluções pra recarga de veículos.

A pandemia também tem contribuído. Principalmente no quesito da micromobilidade, ou seja, bicicletas, patinetes e outros veículos leves. Enquanto as cidades viram diminuir o uso de seus transportes públicos por medo de contágio, opções alternativas — e elétricas — ganharam força. No Reino Unido, por exemplo, as regulamentações foram aceleradas pra permitir testes de aluguel de patinetes. E nos EUA, o Conselho da Cidade de Nova York votou pela aprovação de um programa piloto de bikes e patinetes após anos de debate.

Essa procura não deve ser momentânea. A estimativa é que esses tipos de veículos leves cheguem a 50 milhões até 2026. Algumas de suas vantagens a longo prazo é que têm se mostrado eficientes pra resolver um dos grandes problemas na mobilidade, que é a última milha. A última parte de um trajeto é sempre a parte menos eficiente. Corresponde por até 28% do custo total da movimentação de mercadorias e consome muito tempo e esforço do indivíduo, já que o transporte público não leva até o destino final. Além de cobrir esse vácuo, os veículos elétricos também pode ser menos custoso: um quilowatt-hora de energia pode fazer um carro movido a gasolina viajar 1,2 quilômetros, enquanto um carro elétrico pode viajar 6,5 quilômetros e um patinete elétrico viaja 133 quilômetros.

Não são apenas os consumidores finais que têm visto essas vantagens. Empresas de logística também têm entrado nessa. A DHL, por exemplo, começou a realizar entregas com bicicletas tradicionais e elétricas e viu que a redução no custo pode ser até 50% menor do que com automóveis tradicionais.

Mas o custo pra adoção ainda é um dos empecilhos pra eletrificação completa da mobilidade. Segundo a Agência Nacional de Transportes Públicos (ANTP), o investimento inicial ainda é alto pra adotar veículo elétrico no transporte coletivo no Brasil. Porém o investimento eventualmente se paga. Em Santiago, a cidade fora da China com a maior frota elétrica de ônibus, o governo chileno espera que o custo de investimento em ônibus elétrico seja igual ao de convencionais em 2022. Atualmente, um veículo elétrico de 12 metros custa em torno de US$ 290 mil, enquanto um veículo a diesel custa US$ 190 mil.

As montadoras já têm procurado formas de reduzir os custos de produção e consequentemente das vendas dos veículos elétricos. A Hyundai, por exemplo criou uma plataforma que servirá como base pra produção exclusiva de novos carros movidos a eletricidade. A ideia é massificar a produção, criando 23 automóveis diferentes a partir da mesma base.

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